Publicado por Redação em Metodismo - 06/01/2025 às 11:19:21
Celebramos os 94 anos de autonomia da Igreja Metodista no Brasil
No dia 2 de setembro de 2024, a Igreja Metodista em terras brasileiras comemorou seus 94 anos de autonomia. Em meio a essa celebração, tão crucial na história do metodismo no Brasil, surgem questionamentos como: O que significa essa autonomia? Qual a importância desse marco para os metodistas? O que mudou a partir desta “independência”? Quais são os desafios para a Igreja Metodista avançar na autonomia e no cumprimento da sua missão? Quais são as principais ações e projetos em andamento? Mediante todos esses questionamentos, objetivando encontrar respostas para essas perguntas, apresentamos abaixo alguns argumentos, dentro de uma perspectiva histórica, apontando para questões do passado e do presente como forma de reflexão sobre esse importante tema.
Quanto ao significado dessa autonomia, podemos afirmar que esse evento foi um marco na independência da Igreja Metodista brasileira frente à Igreja Metodista Episcopal do Sul, pois desde as primeiras investidas missionárias do metodismo no Brasil, por meio de missionários e missionárias metodistas oriundos do sul dos EUA, um longo caminho foi trilhado com suas vindas para o Brasil, e mesmo os seus retornos aos EUA. Muitos desses retornos se deram especialmente pela falta de recursos financeiros para a manutenção destes missionários aqui no Brasil. Além, é claro, do falecimento de pessoas envolvidas na missão, como no caso da Missionária Cynthia Herriet Kidder, esposa do Rev. Daniel Parish Kidder. Lembrando também que a autonomia da Igreja Metodista no Brasil teve um importante significado na consolidação do desenvolvimento educacional brasileiro, especialmente através do trabalho de missionárias, como a educadora Martha Watts, que chegaram ao Brasil para cuidar da educação e da saúde das crianças e jovens.
Aliás, a expansão e o avanço do metodismo em várias partes do Brasil contaram ainda com o incansáveltrabalho do Rev. Justus H. Nelson (dentre outros desbravadores), fundador de igrejas no Amazonas e no Pará. Logo, pensar na autonomia da Igreja Metodista no Brasil tem o significado de sacrifício, renúncia, luta e muito trabalho de todos os agentes que estiveram envolvidos nesse processo até a realização deste sonho no ano de 1930.
Conforme Duncan A. Reily (1981), a principal importância desse marco para os metodistas está no fato de que, a partir de sua consolidação no Brasil, o metodismo presenciou sua autonomia nos dias 2 a 9 de setembro de 1930, na Catedral Metodista de São Paulo, organizando seu 1° Concílio Geral, alcançando o status de Igreja Metodista do Brasil, tornando-se, assim, independente da Igreja Metodista Episcopal do Sul, à qual respondia integralmente como missão metodista no Brasil.
Outro fator importante está na eleição do primeiro bispo Metodista da Igreja brasileira, o Rev. John William Tarboux. A partir desse momento, o metodismo passou a expandir para várias partes de nossa nação, chegando ao que temos hoje, contando em todo o território nacional com nove Regiões Eclesiásticas e uma Região Missionária.
A partir desta independência, o metodismo brasileiro experimentou várias mudanças. A primeira delas foi a eleição de seu primeiro bispo brasileiro em 1934, no 2º Concílio Geral da Igreja Metodista do Brasil, que elegeu o Rev. César Dacorso Filho, que ficou conhecido como o consolidador da Autonomia da Igreja Metodista do Brasil. Anos depois, no 10º Concílio Geral da Igreja Metodista do Brasil, em Belo Horizonte (MG), nos dias 15 a 31 julho de 1970, aconteceram novos e importantes marcos na autonomia da Igreja Metodista no Brasil: a Igreja Metodista, com ênfase em sua dimensão universal, excluiu a cláusula “do Brasil” do nome adotado desde 1930; o Conselho Central, composto na época por pastores nacionais e missionários norte-americanos foi dissolvido; o Gabinete Episcopal foi substituído pelo Conselho Geral; o episcopado voltou a ser temporário, e a eleição dos bispos passou a acontecer nos Concílios Regionais; aprovou-se o acesso à ordem presbiteral “sem distinção de sexo”, tendo a ordenação da Reverenda Zeni Lima Soares, a primeira mulher eleita e ordenada Presbítera, em 1974, no Concílio da 3ª Região Eclesiástica; o Credo Social foi novamente reformulado; criou-se o Instituto Metodista de Ensino Superior. No tocante aos desafios de avanço da Igreja Metodista, desde o momento de sua autonomia até aos dias atuais, e visando o cumprimento da missão, podemos destacar ao menos três dentre os principais aspectos que marcaram o passado do metodismo brasileiro, constituindo-se ainda como desafios e oportunidades para nossa igreja no Brasil. O primeiro deles está na pregação, que, por meio da proclamação da mensagem de salvação única e exclusiva através de Jesus, aconteceu nos mais diversos lugares e ambientes possíveis, especialmente nos templos, nas casas e mesmo nas instituições de ensino; e atualmente tem acontecido através dos grupos pequenos, células e discipulado em grupo ou individual.
Em segundo lugar, na educação, inclusive sendo uma das principais portas de abertura para o anúncio do evangelho no passado, e que ainda hoje, mesmo diante da crise institucional em nossa rede educacional de ensino, ainda se constitui como lugar de extrema importância para o avanço e o cumprimento da missão, especialmente na educação teológica. Por fim, em terceiro lugar, através da ação social, que conta como atuação histórica, não só no Brasil, mas em várias partes do mundo onde o metodismo chegou.
Para tanto, em meio a tudo isso, temos o próprio campo religioso, que se constitui desafio para a expansão do reino de Deus e da propagação da fé cristã, especialmente diante de um evangelho de mercado, o qual tem gerado um constante tráfego de crentes que circulam de uma igreja para outra, sempre procurando a oferta religiosa que mais lhes agrade. Precisamos lembrar ainda da experiência desafiadora de uma pandemia que quase assolou o mundo. Nesse contexto pandêmico da Covid-19, muitos dos obreiros e obreiras metodistas começaram a utilizar algum sistema de plataforma e de transmissão online a fim de continuar exercendo o seu ministério, alcançando pessoas que não conseguiriam apenas nos templos.
Em relação às principais ações e projetos em andamento visando a expansão missionária, temos como resposta o que nos apresenta o Portal Nacional da Igreja Metodista: “A Câmara Nacional de Expansão Missionária é formada por um(a) representante de cada Região Eclesiástica e Missionária, e tem como objetivo promover formação, encontros, projetos e eventos voltados para a implantação de novas congregações e igrejas em locais que ainda não têm presença metodista. O grupo coordenado pelo Bispo André Luiz de Carvalho Nunes tem realizado, entre outras ações, o mapeamento das igrejas metodistas em território brasileiro, contribuindo para um esclarecimento dos locais mais carentes da missão”.
Pr. Prof. Roberto Magalhães dos Santos
Presbítero e pastor da Igreja Metodista na 5ª RE. Professor na FaTIM/EAD